Review de CD: Cradle Of Filth - The Manticore And Other Horrors

terça-feira, 11 de dezembro de 2012


Como vocês sabem, o blog ficou com as atividades paradas durante um certo tempo, mas tudo já voltou ao normal. Ao menos algo de bom deu pra tirar disso: posso fazer um review do novo álbum do Cradle Of Filth sem aquela empolgação de recém ter escutado o álbum. Pois é, meus caros, todos sabem que o COF é uma banda que você ama ou odeia, e eu me encaixo no primeiro grupo, sendo totalmente suspeito para falar desses ingleses. Mesmo assim, não dá para negar a grande verdade: a banda já não é mais a mesma há muito tempo.
O novo álbum, "The Manticore And Other Horrors", fugiu um pouco do padrão que a banda havia estabelecido em seus dois lançamentos anteriores. Depois da grande mudança de sonoridade em "Thornography" (2006), a banda lançou o incrivelmente pesado e épico "Godspeed On The Devil's Thunder" (2008), que certamente é um grande álbum. A fórmula dele foi repetida dois anos depois em "Darkly Darkly Venus Aversa", porém, isso remeteu a banda a mesmice, lançando um álbum que estava muito longe de ser ruim, mas um pouco repetitivo e maçante de escutar do início ao fim. Agora a banda decidiu incluir novos elementos em sua música: as orquestrações estão levemente mais discretas, os riffs estão mais diretos (uma mistura de NWOBHM com punk/hardcore e black metal tradicional) e músicas mais curtas e diretas. 




Dessa vez, o álbum foi inteiramente composto pelo guitarrista Paul Allender e o baterista Martin "Marthus" Škaroupka, que também ficou como responsável pelas orquestrações. O mestre de cerimônias, Dani Filth, como sempre, ficou encarregado das letras e produção do álbum ao lado de Scott Atkins (Sylosis, Man Must Die). Como os outros álbuns onde Paul foi o princípal compositar, temos um trabalho de guitarra bem simplificado que nos remete ao debut do COF, "The Principle Of Evil Made Flesh", com estruturas mais diretas e sem firulas. Dani também está mais contido nos vocais, resultado dos muitos anos usando esse tipo de vocal. Lógico que seus tradicionais agudos ainda permeiam muitas faixas do álbum, mas nada comparado aos trabalhos de 10 ou 15 anos atrás.
O álbum abre com a instrumental "The Unveiling Of O", que leva todo seu clima tenso para o primeiro grande momento do álbum, a faixa "The Abhorrent". É uma tradicional faixa de abertura do COF, rápida e pesada, além de muito eficiente. Dá até pra imaginar o circle pit formando-se com essa música no início de uma apresentação da banda. "For Your Vulgar Delectation" vem logo a seguir, mostrando de vez que o negócio nesse álbum é ser mais direto do que de costume.


O álbum segue com "Illicitus", uma das melhores do álbum, basicamente uma mistura de elementos do "Godspeed" com trabalhos mais antigos do COF. Outro fator que tem marcado muito os trabalhos recentes do COF também está presente nessa canção: as linhas melódicas de guitarra em meio a todo peso. Um elemento interessante até, quando não é levado a exaustão, como na faixa "Forgive Me Father (I've Sinned)", do álbum anterior. A faixa seguinte chama-se "Manticore", e é definitivamente uma viagem épica por diversas sonoridades exploradas pelo COF ao longo da última década, alternando entre momentos rápidos e pesados para depois criar um clima mais macabro.
O primeiro single do álbum, "Frost On Her Pillow", é uma das faixas de maior destaque do álbum, mesmo sendo um pouco mais acessível. A música tem um clima soturno que até remete um pouco a faixas dos clássicos "Cruelty And The Beast" e "Midian", mas com um toque do COF mais recente, com várias linhas melódicas de guitarras, como as que foram mencionadas anteriormente. Mas vale a pena dar uma conferida na música em questão para aqueles que não tem acompanhado o que a banda vem fazendo recentemente. O próprio clip é realmente bem interessante.


"Huge Onyx Winges Behind Despair" e "Pallid Reflection" vem logo a seguir, sendo duas faixas bem pesadas e interessantes, novamente alternando entre momentos de peso e outros momentos um pouco mais climáticos. Outro grande momento do álbum vem com "Siding With The Titans", mais um faixa com um pegada que lembra "Godspeed", com seu refrão absurdamente épico. As orquestrações dessa música ficaram realmente ótimas, excelente trabalho de Marthus.
Para encerrar, temos "Succumb To This" e a instrumental "Sinfonia". Mas, sendo totalmente sincero, são duas faixas totalmente dispensáveis. Não que sejam ruins, mas "Succumb To This" segue exatamente a linha do álbum inteiro, soando previsível demais, enquanto "Sinfonia" parece um pouco fora de contexto, como se estivesse ali apenas para completar o álbum.


De uma forma geral, "The Manticore And Other Horrors" é um álbum realmente muito bom, mas ainda assim está muito longe de tornar-se um clássico da banda no futuro. A mixagem também não ajuda muito, com as orquestrações deixadas mais ao fundo e sendo quase impossível ouvir o baixo. Como fã e crítico, o que eu posso dizer é que a banda deixou para trás já todos os elementos que a tornaram conhecida mundialmente. Mesmo com alguns elementos novos no trabalho, ainda segue sendo previsível como seu antecessor. Para quem não acompanha muito o trabalho da banda serve para conhecer um outro lado deles. Mas para quem é fã, fica meio complicado escutar esse trabalho quando você lembra de álbuns como "Dusk And Her Embrace".

Nota: 4


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