Review de CD: Avalon - The Land of New Hope

quarta-feira, 5 de junho de 2013


Após o fracasso da turnê de sua última banda, Symfonia, e do súbito anúncio de sua aposentadoria em 2011, o guitarrista, compositor e produtor Timo Tolkki (Stratovarius, Revolution Renaissance, Symfonia) decidiu dar mais uma chance ao mundo da música. Eis que surge Avalon, seu segundo projeto de metal opera. O álbum de estreia, The Land of New Hope, mostra a Terra em 2055, e o cenário é apocalíptico e de destruição absoluta. Poucas pessoas sobrevivem e vão em busca de um lendário local sagrado para poderem recomeçar suas vidas. Em sua jornada, os errantes encontram um vidente que lhes revela que a chamada "Terra da Nova Esperança" é protegida por um guardião que só permite passagem àqueles que possuem verdadeira pureza no coração.

A história em si tem pouca ou nenhuma originalidade, e nos remete instantaneamente a filmes como Avatar, Pandorum, A Estrada, O Livro de Eli, entre tantos outros. No entanto, Tolkki anunciou que essa narrativa se estenderá por mais dois álbuns, portanto não se pode julgar esse aspecto de The Land of New Hope até o final ser revelado. Resta esperar agora que o Timo Tolkki, que já se mostrou bastante instável em suas decisões por causa dos seus problemas de saúde, leve o projeto adiante, pelo menos até o fim da trilogia.

Como impressão geral, é justo dizer que se trata de um álbum morno, que poderia ter sido grandioso pelo potencial da equipe envolvida. O maior investimento instrumental foram três renomados tecladistas: Derek Sherinian (Dream Theater, Black Country Communion), Mikko Härkin (Luca Turilli's Rhapsody, Sonata Arctica, Symfonia) e Jens Johansson (Stratovarius). Infelizmente, esses grandes talentos foram mal aproveitados, e só Johansson e Sherinian tiveram um solo mais elaborado em “To the Edge of the Earth”, um dos poucos momentos instrumentais grandiosos do álbum. Mesmo Tolkki, um músico tão bem reconhecido em seu próprio instrumento e a mente por trás da ideia de Avalon, parece ter feito pouco esforço para garantir solos e riffs memoráveis nas faixas do álbum. Ele foi responsável também por compor e tocar o baixo nas músicas, e em nenhum dos instrumentos conseguiu atingir uma sonoridade presente e marcante.

O álbum abre com "Avalanche Anthem" uma ótima faixa com força e velocidade, com o trio de vocais excepcionais formado por Russell Allen (Symphony X, Adrenaline Mob, Avantasia, Ayreon), Elize Ryd (Amaranthe) e Rob Rock (Impellitteri, M.A.R.S., Avantasia). A próxima faixa, "A World Without Us", é uma continuação direta da primeira música, e conta com os mesmos três cantores da primeira, que são claramente a grande aposta de Tolkki em todo o The Land of New Hope. Segue-se com "Enshrined in My Memory", cantada apenas por Elize, uma vocalista que vem ganhando mais destaque no mundo do metal desde 2011, quando começou a acompanhar o Kamelot em turnê como cantora convidada.

"In the Name of the Rose" tem o retorno do trio. É uma faixa mais lenta e quase inteiramente orquestrada, visivelmente uma das mais sofisticadas do álbum. Até mesmo o solo de Tolkki, embora curto, parece ganhar mais vida em contraste com a brandura dos demais elementos da música. Em "We Will Find a Way", retorna a velocidade, e vemos Rob Rock dividir o microfone com Tony Kakko (Sonata Arctica, Northern Kings), uma grande voz do power metal que até então não havia aparecido em nenhuma metal opera.

"Shine" é um interessante dueto entre as duas únicas presenças femininas no álbum. As vozes de Elize Ryd e a veterana Sharon den Adel (Within Temptation, Ayreon, Avantasia) formam uma combinação agradável, porém mal equilibrada. É quase ofensivo chamar como convidada uma cantora do nível de Sharon para cantar apenas algumas frases de uma única canção e deixar Ryd com todo o resto da música. A voz da consagrada vocalista do Within Temptation possui um timbre mais suave, enquanto o tom de Elize já possui naturalmente um tom mais intenso e hermético. A música é boa e agradável, mas teria funcionado melhor dentro do contexto do álbum se as duas vozes tivessem espaço igual dentro dela.

Em "The Magic of the Night" e "To the Edge of the Earth", os vocais foram apenas de Rob Rock. Talvez seja por ele possuir mais espaço que os outros vocais masculinos no álbum, mas a performance de Rob é, sem dúvida, um dos pontos altos no álbum. Sua voz é muito bem sustentada nas notas agudas em uma head voice impecável, em nas notas média e graves assume o tom ligeiramente rasgado característico de seu estilo de canto.

"I'll Sing You Home" é uma balada orquestrada, cantada suavemente apenas por Elize Ryd. Por fim, The Land of New Hope se encerra com uma canção homônima com propósito de grandeza, no entanto se perdeu aquele toque de grandeza que ela poderia possuir. Além de ser uma música bastante longa e orquestrada do início ao fim, quem assumiu o microfone foi ninguém menos do que Michael Kiske (Helloween, Unisonic, Avantasia). Ela possui um caráter épico, porém tem seus momentos maçantes e repetitivos... Como todo o álbum, para dizer a verdade.

A pergunta que não quer calar é: se Timo Tolkki teve acesso a cantores como Sharon del Adel e Michael Kiske, por que fez tão pouco uso de suas vozes? De maneira geral, grande parte da equipe de excelentes músicos que ele convocou para o álbum de estreia de Avalon foi decepcionantemente mal usada. Não se pode dizer que The Land of New Hope é um álbum ruim, mas com os grandes talentos envolvidos em sua produção, era de ser esperar um trabalho mais aprimorado e extraordinário, totalmente diferente de seu resultado final.

Timo Tolkki errou na decisão de se aposentar, pois sabemos que ele possui grande potencial como guitarrista e como compositor e que ele faria grande falta para o mundo do power metal. No entanto, Avalon ainda terá que comer muito feijão com arroz para chegar ao nível de metal operas como Avantasia ou Ayreon. Basta esperar que os dois álbuns que sucederão The Land of New Hope venham com mais força e entusiasmo.

Além dos músicos já citados, quem assumiu a bateria de Avalon foi Alex Holzwarth (Rhapsody of Fire), que também já havia trabalhado em Avantasia. As orquestrações foram feitas por Sami Boman e o vocal operístico pertence a Magdalena Lee.

Tracklist:
1 - Avalanche Anthem
2 - A World Without Us
3 - Enshrined in My Memory
4 - In the Name of the Rose
5 - We Will Find a Way
6 - Shine
7 - The Magic of the Night
8 - To the Edge of the Earth
9 - I'll Sing You Home
10 - The Land of New Hope


Nota: 3,5


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