Anathema & Paradise Lost em Porto Alegre (07/09/2015)

quarta-feira, 9 de setembro de 2015



Porto Alegre teve a honra de receber duas lendas inglesas do Doom Metal no feriado de 7 de setembro. Anathema e Paradise Lost desembarcaram em solo gaúcho para uma noite histórica para os apreciadores dos gêneros mais sombrios do Metal. O evento produzido pela Abstratti Produtora reuniu fãs de todos os cantos do estado no Bar Opinião para o que prometia ser uma oportunidade única de conferir as duas bandas juntas.

Mais do que apenas conterrâneos, as duas bandas são pioneiras do subgênero supracitado, especialmente o Paradise Lost que iniciou sua carreira com uma mescla até então única de Death e Doom Metal. Mas os anos passaram e ambos trilharam caminhos que dividiram os fãs. No caso do Paradise Lost, o grupo aventurou-se por sonoridades mais alternativas e próximas ao Gothic Rock, muitas vezes adicionando elementos eletrônicos em sua música. A turnê atual vem divulgando o álbum "The Plague Within", um trabalho muito mais próximo do que foi realizado em seus primórdios. Já o Anathema trilhou caminhos bem mais distantes da sonoridade de outrora, ao ponto de um ouvinte ocasional não ser capaz de perceber que trata-se da mesma banda. Os álbuns mais recentes da banda estão mais próximos do Prog Rock, Ambient e Alternative Rock do que o Doom que os tornou mundialmente conhecidos. Mesmo assim, fãs de longa data fizeram-se presentes, apesar do set list do Anathema ser totalmente composto por faixas pós-1998.

O Paradise Lost deu início aos trabalhos com "The Enemy" e "No Hope In Sight", faixa de seu novo álbum de estúdio. Cativando os presentes logo de cara, a banda demonstra grande presença de palco e carisma com o público, especialmente o guitarrista Gregor Mackintosh. Mas foi com "Gothic", faixa do disco homônimo de 1991, que a banda ganhou de vez o público. A trinca inicial da performance nos trouxe uma grata surpresa: o tempo foi muito generoso o vocalista Nick Holmes, pois sua voz soa exatamente igual ao cantar os clássicos com mais de 20 anos.



Toda a apresentação do Paradise Lost passeou por diversos períodos da carreira da banda. O novo álbum foi muito bem representado com "Victim Of The Past" e "Terminal", além de outras canções de fases mais recentes, como "Tragic Idol" e "Faith Divides Us - Death Unites Us". Mas é óbvio que os fãs estavam lá pelos clássicos, o que tornou-se evidente em faixas como "Enchantment" e "Hallowed Land", ambas do seminal "Draconian Times", de 1995.

Fecharam a primeira parte da apresentação com "One Second", para logo após retornarem com "An Eternity Of Lies", outra do novo disco. O final apoteótico fez as paredes do Opinião tremerem com "As I Die" e "Just Say Words", sendo essa última entoada a plenos pulmões pelo público. Grande apresentação que agradou os fãs que tanto aguardaram pela banda que fundamentou os princípios do Doom Metal. Se a noite acabasse por ali, muita gente já estaria satisfeita, mas estávamos apenas na metade e ainda teríamos o Anathema pela frente.



Muita correria no palco para preparar tudo para o Anathema e manter a pontualidade inglesa, com direito ao baixista Jamie Cavanagh atuando como roadie e testando todos os instrumentos no palco. O Anathema sobe ao palco com a faixa que leva o nome da banda, presente em seu mais recente trabalho, "Distant Satellites". Os irmãos Vincent e Danny Cavanagh não param um segundo no palco, sempre fazendo os presentes cantarem juntos cada música. A vocalista Lee Douglas entrou logo depois causando delírio na plateia e mandaram na sequência "Untouchable, Part 1" e "Thin Air".

Como dito anteriormente, o set list do Anathema tem como base os trabalhos mais recentes da banda, incluindo pouquíssimas faixas mais antigas. Tanto que logo depois tivemos as três partes da faixa "The Lost Song", também do novo álbum. Danny anunciou que a próxima seria uma das mais pesadas da noite e mandaram ver em "A Simple Mistake", uma das melhores canções de "We're Here Because We're Here". Sem nem deixarem os fãs respirarem já tivemos "The Beginning and the End" e "Universal". Verdade seja dita: ali acabou qualquer pose de true headbanger no recinto. Gostem ou não da nova fase do Anathema, é impossível não reconhecer que a banda inglesa alcançou uma sonoridade única, repleta de uma beleza sombria e melancólica de grande carga sentimental. 



O Anathema deixou o palco logo após "Closer", retornando com a faixa título de seu novo álbum com direito a uma iluminação de palco que remetia muito mais a uma boate de música eletrônica do que um show de Metal. Demonstrando cordialidade e respeito, Danny pede uma salva de palmas ao Paradise Lost, banda que começou isso tudo, para logo depois pedir ao público para acenderem seus celulares na próxima faixa: o clássico "A Natural Disaster"! Destaque especial para vocalista Lee Douglas, que literalmente calou o Opinião com sua belíssima performance de arrepiar. O final não poderia ter sido melhor com "Fragile Dreams", com seu riff entoado por toda a plateia e encerrando uma noite épica e inesquecível. 

O saldo final: duas das bandas mais importantes das ilhas Britânicas tocando repertório extensos (cada banda tocou cerca de 90 minutos) que passaram num piscar de olhos. Garanto que se cada banda tocasse por três horas ainda teríamos a mesma sensação. Certamente, shows que ficarão na memória de todos por muito tempo.

SET LIST PARADISE LOST:

The Enemy
No Hope in Sight
Gothic
Tragic Idol
Erased
Enchantment
Victim of the Past
Hallowed Land
Faith Divides Us - Death Unites Us
Pity the Sadness
Isolate
Terminal
One Second
An Eternity of Lies
As I Die
Say Just Words

SET LIST ANATHEMA:

Anathema
Untouchable, Part 1
Thin Air
The Lost Song, Part 1
The Lost Song, Part 2
The Lost Song, Part 3
A Simple Mistake
The Beginning and the End
Universal
Closer
Distant Satellites
A Natural Disaster
Fragile Dreams